Sede incomum

Tenho sede:

de palavras que não podem, nem devem ser pronunciadas; de cometer pequenas loucuras infantis, de viajar além-Horizonte para que deixe de me perder em pensamentos cruéis; de secar poços de água salgada; de ritmar e coordenar o meu corpo; de desperpetuar uma decadência pútrida; de cegar os sentidos, de modo a escurecer mentiras; de esquecer vozes interiores maldosas; de abraçar um mundo Mítico; de tocar as ondas do céu; de nadar pelas nuvens do mar; de trepar o buraco do universo; de me enterrar em folhas de um eucalipto japonês; de me esfregar em ares Orientais; de arranhar o Sol; de secar a chuva; de fazer movimentos parados; de sair para dentro; de velejar na lama; de andar de cabeça para baixo sobre as estrelas; de gritar em afonia; de rasgar cimento; de chorar a alegria; de fazer rimas sonoras; de calar o invisível; de rir mágoas; de roubar as cores á escuridão, de pintar um arco-íris de preto e branco; de ir sem ter de partir, de ficar sem ter de permanecer; de não me sentir preenchida pelo vazio; de saltar no intangível; de fugir do desejável;
de memorizar o impensável;de escapar da vida; de viver a morte; de fugir de sons; de gatinhar por letras; de gelar o sangue; de calar pensamentos; de escaldar a pele; de esmurrar cabelos; de colorir o Nada; de bater no Tudo; ...

Comentários

Helena Ribeiro disse…
Ainda tenho de acabr isto, mas as ideias começaram-se a tornar embaciadas e tive de parar um bocado.

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