Dias de inexistência


Há dias em que o coração pesa mais que a alma;


Há dias em que o sol não reflecte;


Há dias em que a distância consome o ar;


Há dias em que o coração pára e as lágrimas tomam o seu ritmo;


Há dias em que a presença magoa porque já não é o que era;


Há dias em que a confusão não me deixa pensar;


Há dias em que o teu nome me persegue;


Há dias em que não quero nada porque não te tenho;


Há dias em que quero não sentir para não sofrer;


Há dias em que sorrio sem vontade só para não preocupar quem gosto;


Há dias que as tuas palavras me alentam, para depois viram outros em que elas me consomem a alegria;


Há dias em que quero ver o teu sorriso, já que a tua tristeza me dói mais que alegria que sentes por causa de outra;


Há dias em que lamento ter nascido, uma vez que não posso lamentar ter-te conhecido;


Há dias em que desespero por ti, mas desespero ainda mais quando em tua presença choro;


Há dias em que não me apetece mentir a mim mesma e digo que és importante, mas isso dói mais do que a mentira;


Há dias em que a impotência me corrompe, nada posso fazer para que voltes a ser o que eras;


Há dias em que nem a escrita me consola a dor;


Há dias em que não suporto ouvir o teu nome, mas só ao ouvi-lo é que a solidão fenece;


Há dias em que preciso de ti, e é mesmo nesses dias em que não estás;

Há dias em que quero ser transparente, mas quando o sou para ti o meu mundo perde a cor;

Há dias em que digo que sou alguém, mas esqueço-me que sem ti o verbo ser passa a um mero existir;

Há dias em que te sinto perto de mim, contudo depois vêm aqueles em que não te sinto de todo;


Há dias que não gosto de ouvir elogios, porque não foram pronunciados por ti;


Há dias em que odeio quem está perto de ti porque não sou eu;


Há dias em que luto contra mim para te defender;


Há dias em que tenho sonhos lindos contigo, todavia acordo a chorar;


Há dias em que penso em ti sempre, porém esses dias são todos;


Há dias em que nada tem sentido, porque és tu a razão de tudo;


Há dias em que quero ir mais além, mas depois não vou porque isso significaria estar mais longe de ti;

Há dias em que quero ser livre, mas estou presa a ti;


Há dias em que sinto que faria tudo por ti, e de que me serviria?


Há dias em que queria saber a sensação de um abraço teu, mas conseguiria viver sem a constante repetição desse acto?


Há dias em que me odeio por sentir isto, mas que de outra maneira poderia ser?


Há dias em que penso que estou mais perto de ti, não obstante, isso só me faz perceber que a maior parte do tempo estou infinitamente longe

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