Vendada


[Esta imagem não me pertence. Obrigada ao Criador]

Ela era feliz. Pelo menos achava que era feliz.
Ia vivendo, lentamente. Dia após dia com muita calma e ponderação.
Ou não!
Prisioneira de sentimentos inexplicáveis, ela era reclusa de pensamentos que ela própria condenava!
A sua voz continuava a chamar um nome cujo dono nunca lhe iria responder.
Os seus braços estavam ainda ajustados a um corpo agora tão distante como outro Continente.
Nos seus sonhos o passado era presente e futuro. Era como se os dias de solidão nunca tivessem existido.
Nas manhãs habituava-se à ausência dele, nas tardes tentava-se convencer de que ele estava bem ali, ao alcance das suas mãos. No entanto, as noites, naqueles minutos infindáveis antes de adormecer, chegava a dor que a lastimava até ao que parecia ser o seu último suspiro. Sofria Sozinha porque as mãos dela, sem estar entraçandas com as dele tornavam-se frias como a morte. Porque os seus olhos tinham-se tornado baços porque por muito que procurassem não conseguiam captar a figura que tanto amavam. Porque os planos que tinham feito tinham enchido a vida dela e agora só sobravam dias sem conteúdo. Porque todos os sons, cores, lugares, palavras e pessoas a lembravam daquele que lhe tinha prometido uma alma em troca da sua e , no fim, a deixara sem nada, nem sequer a mais mínima quantia de força para que se pudesse erguer.

Quando ela alcançava o pico da sua Dolência o que acontecia quando tudo à sua volta parecia negro e silêncioso, ela fechava os olhos e voltava ao passado. Vendia a única coisa que tinha: o seu presente e futuro em troca de uma venda que a transportava para os sorrisos do Passado.

E assim, Ela achava que era feliz!


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