Era uma vez uma viagem sem retorno


A conjuntura condiciona-me porque sou igual a ti, a todos os outros. Assim, propositadamente alheio-me de presenças, palavras e ambições. Coexisto, portanto, comigo e com o fantasma de mim mesma num Universo que não sei bem onde fica. Posterior ao sensivelmente obrigatório tudo se desvanece com desculpas vãs e vazias que me aprisionam numa liberdade que me condena. Busco, sem coragem, o bem dos olhares e emoções só que tudo se esboça com falsidade, talvez seja eu, talvez seja o meu desprendimento a ser cruel. O Tempo que passa torna-se em nada. Tanto faz um dia ou um mês na medida em que tudo continua inacreditavelmente igual. Os sonhos são os mesmos, sonhando que estou a ter pesadelos repetidamente. O mesmo se diz da própria realidade na qual cada passo é uma conquista, uma vitória contra a gravidade astronómica que me prende a sentimentos que me impelem a dizer que tudo é uma grande e dolorosa farsa.Percorro o meu caminho, perdida e incerta enquanto sozinha procuro companhia, no inverso, enquanto acompanhada procuro a paz da solidão. Na feitoria da minha jornada quotidiana digo que está tudo bem encerrando no meu inconsciente a realidade verdadeira, escondendo tudo dos outros e em especial da minha implacável fraqueza.Tenho-me remetido para a procrastinação de todas as coisas, a procrastinação absoluta de mim.Não faço nada porque não sinto vontade nem necessidade de o fazer é como se fosse um final de um livro: E viveu reduzida e melancólica para sempre.Há ainda uma saudade que me sufoca e adoece. Viro a cara e distancio-me, dizendo que não me interessa, mas as memórias saudosistas estão lá e chovem granizadas em mim.


[Imagem de Porquenao em: http://porquenao.deviantart.com/art/Amarrada-70742974?q=boost%3Apopular%20amarrada&qo=61]

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