[Prosa poética] Condenada





Eu fujo. Fujo de ti, fujo de mim. 
Não posso, mas corro.
Fecho-me numa torre de marfim.
Sufoco um grito de socorro.

Antiteticamente:
- Calo o grito que pede que me encontres;
- Procuro por rastos teus, do teu eu passado.
Eu sou quem era? Impossível. Mas certas coisas em mim são imutáveis.
Tu és imutável em mim?

Estou condenada a ser um anjo da guarda sem asas? 
Condenada a velar por um fantasma distante?
Condenada a arder sem brasas?
Condenada a fingir que não és importante?
Condenada a viver sem partes minhas?
Condenada a aprender a esquecer-me do passado?
Condenada a ler entrelinhas?
Condenada a este sabor salgado?
Condenada a eventualmente sentir culpa por ser eu?
Condenada a vagar em talvez?
Condenada a abandonar tudo o que é teu?
Condenada a encarar que tudo se desfez?
Condenada a explicar o que o meu sentimento significa?
Condenada a sentir preocupação para sempre?
Condenada a esconder o que me dignifica?
Condenada a achar que vou perder a mente?
Condenada a levar com a porta?
Condenada a uma saudade doente?
Condenada a ter a esperança morta?

** Esta imagem não me pertence, obrigada ao criador.**




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