Sou…
Sou o vendaval sem aragem, a partida sem viagem
Sou a espera do inexistente, a eterna dor latente
Sou a espada numa parede, pulo no trapézio sem rede
Sou a chama apagada, a alma transviada
Sou uma pedra tumular, morta e a chorar
Sou o horizonte esquecido, perdido no abraço escondido
Sou uma folha amassada, o fim de uma história sagrada
Sou a vida que não é minha, já cedi a alma que tinha
Sou o lençol ensanguentado, a envolver um coração amputado
Sou uma metade sem par, estilhaçada num desejo singular
Sou um mergulho num precipício, o mais sufocado suplício
Sou um caco de bola de sabão, uma prisioneira num porão
Sou um cesto de mágoas, quais nem tu, em palavras, afagas
Sou o perigo de uma varanda sem corrimão, o toque do chão
Sou um leão domesticado, na liberdade da selva enjaulado
Sou poesia que não sabe rimar, a canção que não se quer cantar
Sou um livro de capa rasgada, a pútrida esperança afogada
Sou a medição de areia do deserto, um violino sem conserto
Sou piano de teclas partidas, uma arca de maldições sortidas
Sou carta vermelha sem destinatário, a queima de um diário
Sou sonho desbotado, uma folha de jornal de um antepassado
Sou perfume sem cheiro, sou uma bússola sem paradeiro
Obrigada pela Ajuda Dada *
Comentários
te adorooooo amiga! Bjossss
D+!