Onda de Fogo
Naquela dança
incoerente, nos movimentos serpenteados, ela aprendeu a controlar o seu poder
de fogo. Num desapego e frieza que queria sentir, ela queimava.... Ondas
dilacerantes que deixavam em cinza tudo de dentro para fora, apear do
sentimento de implosão. Absorvia em si em si cada pedaço de vida que iria
despedaçar, como um canto lamentoso de um acto por vir, um destino mal fadado
do qual não podia fugir.
Drogada naquela ânsia
piromaníaca que lhe cegava o coração, dançava, em roda, como se fosse a musa da
destruição inflamável, a sua energia alimentando o seu poder que já o sentia
infinito, como se o universo inteiro se pudesse dobrar em cinzas a seus pés com
a metade do equilíbrio que lhe fugia do controle.
Desvairada e livre,
num sentimento em potência, negava o âmago e deleitava-se no corrompimento do
ser. Consolavam-lhe as suas lágrimas ardentes que caiam na memória daquilo que era a sua essência costumeira, aquele ponto de luz amável e doce.
[A Imagem Não me pertence, Obrigada ao Criador!]
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