Noite que é da gente
Na manhã austral os sepulcros dos medos banham-se na solar
recaída do tempo. Tempo fora feito para chuva sonoras sem vergonha, lutadoras
exaustivas de altivas guerras frias.
Tornou-se porém luz de dançarinas exóticas, inesperadas e livres
na prisão de uma translação copérnica. Dito e feito, a manhã se acaba e finda a
cena do é suposto mas não é.
Na tarde glorificada o suposto é outro e o engano e o erro se
mesclam e se confundem como o cinzento claro e o escuro. Tudo na mais recatada
pincelada de um adeus da manhã e um bem-vinda noite escura que não me assustas.
Semelhança mentirosa e caprichosa a tua lua, que rouba a
atenção das pequeninas estrelas luzentes que não se importam com os seus
estados de espírito. Amável e casta ansiosa na faca e devassa, surpreendente, é
tão linda a noite que é da gente.
Comentários