Absolvição amaldiçoada





Sois pedra tumular de um conceito inacabado, balançai ao som emproado do vento.
Vim para vos cortar os pensamentos e arrancar as ideias. Pois, Na fúria da ira perdem-se as verdades encontram-se as vontades. Dispam-se, assim, os preconceitos humanos, selvajaria imprudente está no ar.
Enoja-me o cheiro fétido dessa carne podre, esse sangue negro de vaidade. Ahahahaha, riem-se os despojos sobrehumanos da humanidade no mau agoiro em si mesmo encerrado, quebrando a brancura da neve vespertina.
Bocejo nesta rouquidão de uma batalha perdida, nas blasfemas dúvidas da minha alma.
Decadente, Decadente, Decadente, DECADENTE... assim o meu pulsar grita nas veias que já nem sinto como minhas. Na queimadura pulmonar que o ar temerosamente ardente me provoca as lágrimas secas e poeirentas actuam como antídoto venenoso.
Chega todo este negrume carvão, provém de vós malfadados seres infames, de vós que crês tão somente na vossa boaventurança e dela fazem seu propósito último. Sois afectos a nada e coisa nenhuma e isso faz as dores do mundo transbordar num sangue sem corpo, morre o corpo sem alma.
Eu vos condeno, sois hoje a marca tatuada da solidão, amanhã as trevas vos engolirão como se fossem parte constituinte. Vos amaldiçoarei, criaturas desprezíveis ao eterno esquecimento de vós. Morrei na cova dos vossos ancestrais, morrei na companhia da piedade de desconhecidos, morrei sem lágrimas de quem nunca vos amou, morrei nas mãos de ninguém, morrei na noite de lua nova, morrei uma e outra vez, sempre da mesma forma. Que a vossa morte seja tão vazia e tão escura como a vossa existência beligerante.
Ide-vos agora. Não gastem o vosso tempo com esta criatura corrompida que vos adora e vos condena porque não mais vos pode salvar. Ide-vos e fazei o vosso quotidiano doravante amedrontado. Ide-vos sem nunca saberdes que vos desejo a absolvição.

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