Mais um dia de sol

Nesta história as personagens não têm nome. Elas são fruto de um mundo que existe em todos nós, daquele mundo que nos leva as lágrimas quando uma história é triste ou alegre demais. Deste modo, elas têm todos os nomes, todas as idades, todas as personalidades e profissões que cada um lhes quiser atribuir.


Era uma daqueles dias que têm tudo para ser perfeitos...Daqueles dias em que ele acordara bem disposto e mais o ficara quando ao abrir a persiana se depara com um calorento e majestoso dia de sol.

Tinha decidido, no dia anterior, que este dedicaria esse dia a si mesmo e que, deste modo, em plena solidão iria fazer uma introspecção. Ele precisa esporadicamente deste tipo de dias para que o Universo lhe fizesse sentido na alma; Nestes, reflectia sobre passados e futuros, esquecendo-se do presente, banhando-se então em recordações e previsões que davam sentido à sua vida e, para ele davam significado a Tudo o demais.

Tinha andado ocupado, mas aquele dia finalmente podia tomá-lo como seu sem ressentimentos e assim o fez. Depois desse pequeno pressentimento acalentador decidiu-se por um tomar bom banho quente. Enquanto este decorria, na sua memória desfilavam conjuntos infindáveis daquelas que eram as suas melhores memórias. Elas só o abandonaram quando coisas tão banais como o rugir do seu estômago e o relógio o tinham desperto para o presente, eram 14:00. Ainda se deixou inerte cerca de meia hora, pensando nas memórias que lhe haviam vindo e surpreendera-se ao constatar que a maioria era respeitante a Ela.

Depois de satisfeitas as suas necessidades básicas das quais, infelizmente não se podia desfazer, retornou ao seu estado de incólume apatia. Mais memórias Dela voltaram, de novo ficou surpreendido porque pensara que a havia esquecido. Não esquecido, mas guardado nos mais recatados pensamentos, bem arrumados no fundo do seu pensamento, por isso era-lhe estranho que voltasse a pensar Nela tão prontamente, num dia que devia ser seu.

Ela havia-lhe sido tudo durante tanto tempo e agora parecia querer voltar a ocupar os seus dias.Durante uma parte da sua vida, Ela havia contagiado os seus dias de vida, nessa altura ele não precisava de dias excepcionais para atribuir significado às vivências, eles coexistiam com o seu quotidiano. Ela fora sua durante tanto tempo que ele pensava impossível não existir para sempre com Ela para todo o sempre.

Eles haviam-se conhecido num dia chuvoso e desde aí sempre que pensava nela o seu olhar sofria uma mutação enérgica que todos podiam presenciar, os seus olhos brilhavam com um amor que ele não podia conter em si. Foi assim até ao dia em que Ela desapareceu porque a partir daí a névoa substitui o brilho.

Comentários

Mensagens populares